Imprensa e Justiça: coação ou convergência?
A campanha às eleições de 2010 continua a pleno vapor com os mesmos arranjos de clichês e discursos que a de 2006. O sociólogo inglês e especialista em estudos de mídia John B. Thompson, no seu trabalho O Escândalo Político, Poder e Visibilidade na Era da Mídia, aponta os escândalos midiáticos como ferramentas que visam dar visibilidade a projetos político-eleitorais. Afirma Thompson: “A relação entre políticos e imprensa pode, ocasionalmente, ser próxima e harmoniosa, na medida em que eles tiverem ligados por formas de dependências recíprocas. Nesse sentido, é importante cultivar a mídia, ou mesmo tê-la à mão, dominado-a ou adquirindo-a”.
No decorrer da semana passada, a grande mídia, em consonância política com o Supremo Tribunal Federal (STF), retomou o agendamento do chamado Mensalão. Já era previsto. Passada a febre do “Apagão aéreo”, que resultou na queda do ministro Waldir Pires e a sua substituição pelo turrão gaúcho Nelson Jobim, e a pífia iniciativa da campanha Cansei, a artilharia oposicionista foi realimentada com balas já gastas. Com certeza, por falta de novo estoque. Com direito às primeiras páginas e chamadas nos principais jornais, revistas e telejornais do país, a mais alta corte do Brasil levou as 40 pessoas implicadas no suposto esquema do mensalão à condição de réus. Nesse grupo, de forma estranha, dois deputados do PT, Professor Luizinho e João Paulo Cunha, são acusados de terem vendido seus votos no Congresso Nacional para o próprio governo que eles apoiavam.
Presunção da culpa - Estava dada a senha para mais um escândalo político com o aval da presidente do STF, ministra Ellen Gracie Northfleet, a mesma que se recusa a autorizar que a Polícia Federal abra os HD’s dos computadores do banqueiro-espião Daniel Dantas. Vem à baila, novamente, a presunção da culpa. Substituindo os magistrados e tomando emprestadas suas togas, os grandes meios de comunicação já anteciparam o veredicto: todos são culpados e alguns formaram quadrilhas de esquemas criminosos. Sabe-se que para que se prove tal ato serão necessárias provas robustas num longo processo. O STF, na verdade, operou uma decisão meramente política. Mas é uma decisão que abastece a contento o manancial de munição das oposições e, via de conseqüência, dos grandes grupos de mídia a ela ligados. O ataque é dirigido ao governo. Nesse arsenal, tudo cabe. Após a decisão do STF, o candidato do PSDB e da opus Dei Geraldo Alckmin disparou: "É o governo Lula quem está no banco dos réus. Isso é óbvio, pois tudo aconteceu dentro do governo".
No decorrer da semana passada, a grande mídia, em consonância política com o Supremo Tribunal Federal (STF), retomou o agendamento do chamado Mensalão. Já era previsto. Passada a febre do “Apagão aéreo”, que resultou na queda do ministro Waldir Pires e a sua substituição pelo turrão gaúcho Nelson Jobim, e a pífia iniciativa da campanha Cansei, a artilharia oposicionista foi realimentada com balas já gastas. Com certeza, por falta de novo estoque. Com direito às primeiras páginas e chamadas nos principais jornais, revistas e telejornais do país, a mais alta corte do Brasil levou as 40 pessoas implicadas no suposto esquema do mensalão à condição de réus. Nesse grupo, de forma estranha, dois deputados do PT, Professor Luizinho e João Paulo Cunha, são acusados de terem vendido seus votos no Congresso Nacional para o próprio governo que eles apoiavam.
Presunção da culpa - Estava dada a senha para mais um escândalo político com o aval da presidente do STF, ministra Ellen Gracie Northfleet, a mesma que se recusa a autorizar que a Polícia Federal abra os HD’s dos computadores do banqueiro-espião Daniel Dantas. Vem à baila, novamente, a presunção da culpa. Substituindo os magistrados e tomando emprestadas suas togas, os grandes meios de comunicação já anteciparam o veredicto: todos são culpados e alguns formaram quadrilhas de esquemas criminosos. Sabe-se que para que se prove tal ato serão necessárias provas robustas num longo processo. O STF, na verdade, operou uma decisão meramente política. Mas é uma decisão que abastece a contento o manancial de munição das oposições e, via de conseqüência, dos grandes grupos de mídia a ela ligados. O ataque é dirigido ao governo. Nesse arsenal, tudo cabe. Após a decisão do STF, o candidato do PSDB e da opus Dei Geraldo Alckmin disparou: "É o governo Lula quem está no banco dos réus. Isso é óbvio, pois tudo aconteceu dentro do governo".
O que se estabelece, de fato, é o descontentamento com o governo por parte de setores cada vez mais amplos das elites nacionais. Reina o ódio e o preconceito de classe. Seja por parte de um João Dório Jr., especialista em organizar desfiles de cachorrinhos de madames, e de articulistas do naipe de Alexandre Garcia, fiel porta-voz do neoliberalismo na Rede Globo. Posterior a avaliação do STF, começaram a vazar informações acerca do posicionamento dos ministros daquela corte. Estariam eles votando sob a coação da mídia? Não é preciso ser vidente para se chegar a essa constatação. Mas uma ressalva deve ser feita: não é bem coação, mas convergências de interesses de cunho estritamente ideológico, inclusive por parte de quem preside o STJ, Ellen Gracie. A mídia apenas obriga o Supremo ser mais célere no andamento do processo. O julgamento do “mensalão”, friso, é combustível planejado para gastar e detonar em 2010. E a estratégia é que a cada passo dado no processo, a grande imprensa, com azeitada correia de transmissão, antecipe-se presumindo culpas em discursos propagandísticos. E são os mesmos jornalões, televisivos e impressos, que continuarão se omitindo quanto à cobertura da mobilização para exigir a manutenção do veto à Emenda três e de resto a todos os fatos envolvendo mobilizações por parte de categorias profissionais e movimentos sociais. O processo do mensalão no STF é parte integrante de uma estratégia de poder conduzida pela direita nacional e internacional que quer e deseja retomar o controle político do país para acelerar a implantação das políticas neoliberais. O objetivo é manter boa parte da população sob a névoa de uma espécie de “modelo” de caos. Um “caos”, diria, intermitente e que deve ser renovado como forma de manter o estoque discursivo para o emplacamento do projeto político oposicionista.
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