O presidente da Bolívia, Evo Morales, avisa: "Quero que o mundo inteiro saiba é que há uma conspiração contra minha pessoa encabeçada pelo embaixador dos Estados Unidos, Philip Goldberg" A estratégia do golpe separatista está em marcha na Bolívia. Depois de atuar em Kosovo, o embaixador norte-americano Philip Goldberg, que agora serve em La Paz – não à toa, claro – conspira contra o governo de Evo Morales dando “consultoria” aos governadores da Media Luna, região oriental e mais rica do país que congrega os departamentos (estados) de Tarija, Chuquisaca, Santa Cruz, Beni e Pando. Segundo o professor Luiz Alberto Moniz Bandeira, cientista político e professor da Universidade de Brasília (UNB), “no curso do mês de agosto do ano passado, com o término dos trabalhos da Constituinte, a crise tem se tornado crônica na Bolívia e pode se agravar e evoluir para um confronto armado, dado que há virtualmente uma dualidade de poderes, com a formação da Junta Autonômica Democrática da Bolívia pelos dirigentes daquelas cinco Províncias”. Bandeira acrescenta também que um dos principais artífices do golpe separatista no país é o banqueiro Branko Marinkovic Jovicevic, de origem croata e ligado a capitalistas chilenos. Branko Marinkovic foi eleito presidente da Federação de Empresários Privados de Santa Cruz (Fepsc) e está à frente do Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, braço político do movimento Nação Camba, sustentado por poderosas organizações, como Câmara Agropecuária do Oriente (CAO), Câmara de Indústria, Comércio, Serviços e Turismo de Santa Cruz (Cainco), a Federação de Empresários e a Federação de Pecuaristas de Santa Cruz (Fegasacruz). Em entrevista concedida ao jornalista Pablo Stefanoni, em La Paz, o presidente boliviano declarou: “Quero que o mundo inteiro saiba é que há uma conspiração contra minha pessoa encabeçada pelo embaixador dos Estados Unidos, Philip Goldberg”. Morales assegurou que o golpe em curso pretende “dividir a Bolívia com grupos oligárquicos e mafiosos”. Washington designou Goldberg pela sua experiência internacional em situações semelhantes. O diplomata tem experiência em conflitos étnicos e tendências separatistas, que irromperam no Leste europeu após a desintegração da Iugoslávia. Ele trabalhou na questão da Bósnia, no Departamento de Estado, de 1994 a 1996; foi assistente especial do embaixador Richard Holbrooke, o artífice da desintegração da Iugoslávia; e serviu como chefe da Missão dos EUA em Prístina, Kosovo (2004-06), onde orientou a separação dos Estados da Sérvia e Montenegro, após haver sido ministro conselheiro na Embaixada dos Estados Unidos em Santiago do Chile (2001-04).
Comentários
Eles não desistem, não é? E o que dizer de Mangabeira Unger?