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Mostrando postagens de junho, 2012

A nota do PSDB de apoio ao golpe no Paraguai. Questão de instinto.

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O PSDB divulgou nota de apoio ao golpe de estado no Paraguai. Não causa surpresa a postura do partido de Sérgio Guerra, que classificou o episódio como “substituição da Presidência”. Patético, o texto afirma “que a despeito da velocidade do processo, não houve rompimento das leis no país”. Tudo dito como se um rito que durou apenas duas horas, sem a mínima chance de defesa ao presidente Lugo, não representasse um ato de força. À postura dos tucanos recorro a um pensamento de Slavoj Zizek: “(...) A era contemporânea volta e meia se proclama pós-ideológica, mas essa negação da ideologia só representa a prova suprema de que, mais do que nunca, estamos imbuídos na ideologia (...)”. Perfeito. Despolitiza-se o fato. Seria uma simples “substituição” no poder. Um trâmite parlamentar, apenas. No mesmo diapasão, condena a postura do governo brasileiro ancorando-se no discurso de “autodeterminação dos povos”. Tergiversa o necessário para que a alegoria da retórica lhe caia como máscara ideal

Merlino X Ustra: Memória de um tempo não vivido

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22.07.11   Por Tatiana Merlino, da Pública Na ação movida pela família do jornalista Luís Eduardo Merlino, o coronel Carlos Alberto Bilhante Ustra é responsabilizado pela morte, ocorrida em julho de 71. Sobre a cômoda, ao lado do vaso onde quase sempre há uma flor, há um porta-retrato prateado. Na foto, um jovem de perfil: cabelos negros, pele clara, olhos grandes, óculos de aro escuro. Quando eu ainda olhava o porta-retrato de baixo para cima, com uns sete anos, já sabia que ele era alguém muito importante para a família. Os anos se passaram, o porta-retrato mudou de casa, mas seguiu junto com a cômoda e o vaso. O homem da foto continuava jovem, olhando insistentemente para o infinito. Outros anos se seguiram, e a dona do porta-retrato e da cômoda morreu. Hoje, o porta-retrato mudou de casa e de dona. E eu o olho de cima para baixo. O jovem é meu tio, o jornalista Luiz Eduardo da Rocha Merlino, torturado e assassinado aos 23 anos, em São Paulo, em 19 de julho de