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Mostrando postagens de outubro, 2009

A técnica e o político

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Herbert Marcuse já alertava contra os argumentos que empulhavam o político em nome da "técnica" Há alguns dias fui cobrado sobre uma pretensa tensão existente entre os posicionamentos técnico e político. A mim foi lançado o argumento de que estes seriam estanques, decompartilhados, e que percorreriam explicações díspares. Tal qual foi sugerido, a explicação “técnica” se encarregaria de suplantar o aspecto político, mesmo em se tratando de iniciativas do Estado e, via de consequência, do poder público. Compro esse debate. Em que medida uma ação ou determinada política pública que segue uma diretriz de um projeto político pode ser dimensionada como uma ferramenta eminentemente “técnica”? Existe uma economia “técnica”? Ou mesmo uma gestão pública apenas “técnica”? É o mesmo que sugeri uma ciência social neutra, ou algo equivalente. Isso não existe. A armadilha funcionalista já tentou alçapar os movimentos da sociedade nas suas explicações, incluindo ai a política e a economia.

A boa palavra de Sócrates Santana

Vá à Porta do Inferno Sócrates Santana* A exposição de Auguste Rodin na Bahia traz a tona um campo de disputas, de conflitos, de descontinuidades, de multiplicidade de discursos sobre a política e as artes visuais maiores que as frases anatômicas contidas nas esculturas do artista francês. Uma disputa que não está restrita aos méritos de quem preparou o terreno para a vinda inédita de 62 peças a capital baiana, mas, as denúncias de um relatório composto por 200 páginas sobre a Bahiatursa e obscuras relações entre os governos carlistas, agências de publicidade e organizações não-governamentais formadas por servidores públicos. Não é difícil ouvir nas rádios e na internet, gracejos de parlamentares e lideranças partidárias sobre a co-autoria desta exposição, assim como, o reforço de comunicadores “sem memória” desta tese. Ocorre que os conflitos se dão no campo simbólico, mas, pautado por uma clara tática de jogar para debaixo do tapete um passado nefasto em torno de uma agenda positiva

Movimento Pela Vergonha na Cara dá um pau em William Waack

Carta Aberta a William Waack: Não utilizamos aqui qualquer pronome ou outro tratamento à sua pessoa, por você mesmo se desqualificar através de seus conhecidos e ingentes esforços como traidor da pátria. Nós, do MVC - Movimento pela Vergonha na Cara, tivemos o desprazer de acompanhar hoje, 16/10/09, sua declaração ao programa Entre Aspas da Globo News de que a reserva petrolífera do Pré Sal não terá relevância alguma ao futuro do país, em razão do desenvolvimento de energias alternativas. Fosse você um completo desinformado, incapaz de deduzir as milhares de aplicações dos derivados do petróleo, poderíamos compreender a ignorância contida nessa afirmação e procurar esclarecê-lo, fornecendo-lhe informações elementares a respeito do assunto. Mas é evidente que a bobagem proferida não reflete ignorância ou imbecilidade. Muito pior, reflete mórbida falta de caráter que se faz persistente, denotando-lhe como um dos mais esforçados porta-vozes da UGP - União dos Gigolôs da Pátria. Sabemos

"Colonisso" de vento em polpa

A edição deste domingo de um certo jornal soteropolitano traz seu renomado colonisso novamente papagaiando uma colunista do PSDB. O raciocínio dos textos é quase univitelino.

O Clad e a política na América latina

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Nesta terça-feira (27) será aberto em Salvador o XIV Congresso Internacional do Centro Latino-Americano para o Desenvolvimento (CLAD). O tema do evento, que contará com representações técnicas e autoridades de 22 países, será a Reforma do Estado e a Administração Pública. O CLAD ocorre num momento especial da América Latina, quando a agenda política da região é marcada pela disputa da hegemonia entre as forças que se identificam com o passado, explicitamente neoliberal, e com o presente, pós-neoliberal. Os rompimentos com o antigo modelo vão ganhando contornos mais amplos, mediante o fortalecimento do papel dos estados nacionais e o crescimento dos movimentos sociais. Brasil, Argentina, Venezuela, Cuba, Equador, El Salvador, Nicarágua, Bolívia, Paraguai e, tudo indica, o Uruguai – as eleições ocorrem neste domingo e existe a possibilidade do candidato José Mojica, da Frente Ampla, ser eleito presidente - são países nos quais essa disputa se coloca de forma mais enfática. Não sem razão

A poesia de Nilson Galvão

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Stanley Kubrick Toda a vida vai passar na tua frente como um filme de Stanley Kubrick. A infância, o que tramou a juventude, o que tramou e o sonho de amadurecer e envelhecer tentando não se render. Toda vida poderia ser um filme de Stanley Kubrick: quem é que vai te segurar quando for grande o medo de flutuar? E se a vida de repente for um filme de Stanley Kubrick? E tudo aquilo que sentimos não for nada do que sentimos, na verdade estiver longe daqui? Nilson Pedro Galvão

O "fato" e o fato

Há cerca de uma semana a TV Globo e outros meios de comunicação do pais enveredaram, mais uma vez, pela estratégia do escândalo político. Nesta última, o alvo voltou a ser o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). O elemento motivador do episódio foi a destruição de pés de laranja na fazenda Cutrale, agroindústria situada no município de Laras (SP) que, segundo o MST, ocupa área pública grilada do Estado. No entanto, o movimento nega que tenha assumido qualquer iniciativa para a destruição dos laranjais, ainda que assuma a ocupação da propriedade durante um período. Manifestando-se publicamente, o MST argumenta que “(...) as famílias acampadas recorreram à ação de ocupação na Cutrale como última alternativa para chamar a atenção da sociedade para o absurdo fato de que umas das maiores empresas da agricultura - que controla 30% de todo suco de laranja no mundo - se dedique a grilar terras (…)”. Talvez o que os milhões de telespectadores do Jornal Nacional não saibam é que a

Não passará!

Se sou convocado à luta, a luta que me espere, pois de meu filho jamais abrirei mão. Jamais!

Mercedes Sosa - Gracias a La Vida

O mundo perdeu hoje a cantora argentina Mercedes Sosa. La Negra, como era conhecida, se tornou uma das ativistas políticas mais expressivas dos anos 70, quando denunciou a situação de opressão não só do seu país como de toda a América Latina. Ouçam sua bela voz nessa passagem.

As máscaras vão caindo

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E as máscaras vão caindo. Aos poucos, a cobertura do golpe de estado em Honduras por parte dos jornalões, revistas semanais e redes comerciais de TV vai assumindo sua postura pró-quartelada. Talvez, saudades de 1954, 1961 e 1964. A Rede Globo, por exemplo, fez até a peripécia de entrevistar na semana passada um cientista político argentino para legitimar sua posição favorável à inconstitucionalidade em Honduras, ou seja, de apoio explícito ao golpe; já a revista Veja, não escondendo sua inclinação de extrema-direita, dedicou a capa da edição dessa semana para atacar a política externa do Itamarati. A exceção ficou por conta, apenas, da Carta Capital, que assumiu postura equilibrada frente ao fato, ou melhor, a única que se predispôs a fazer jornalismo. Enquanto isso, o processo hondurenho vai se deslocando para o fascismo. O governo de Roberto Micheletti editou uma espécie de AI-5 no seu país, fechou emissoras de televisão, proibiu reunião pública e restituiu o toque de recolher. Hondu

"Colonisso", o colunismo político na província

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Na Bahia, particularmente na imprensa soteropolitana, está se construindo um novo conceito de colunismo político. O nome é colonisso . Sim, são aqueles que se encantam com as leituras dos colunistas dos jornais e revistas do centro-sul e fazem uma espécie de “releitura” na praça local. Por vezes, até copiam os argumentos, posicionamentos e raciocínios das estrelas que frequentam as páginas dos Frias, Mesquitas, Civitas e Marinhos, entre outros. Quase na íntegra. Colam nessas estrelas como bons colonizados; portanto, colonisso , colonizado que cola no colonizador.