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Mostrando postagens de 2015

Cuba dezessete anos depois

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Foto: Jorge Nascimento Por Safira Caldas “Para examinar a verdade é necessário, uma vez na vida, colocar todas as coisas em dúvida tanto quanto se possa.” René Descartes (1596-1650) Havana 1996-1997 Anos dificílimos para os cubanos. A URSS, seu grande parceiro, havia “desmoronado” e os EUA exerciam o seu poder ditatorial, multando qualquer navio que ancorasse na ilha. Isto impedia até a chegada de remédios e marca-passos. Havia apagões e muitas e muitas necessidades. Muitos partiram e outros morreram tragicamente. Metaforicamente, era como um filho que perdera o “pai” que lhe sustentava financeiramente e psicologicamente. Cuba vivia o seu luto. Entretanto, a prioridade da educação e da saúde foi mantida.. Visitei escolas e hospitais e vi, que mesmo de uma forma despojada, a dignidade do atendimento nestes setores fora mantida. A SOLIDARIEDADE de alguns não faltou e doações chegaram de várias partes do planeta. Havana 2015 Foto: Carmen Medeiros A surp

Pequeno irmão. Quando o ativismo hacker juvenil subverte os EUA

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Os Estados Unidos estão sob estado de sítio após um atentado terrorista. Na cidade de São Francisco, Califórnia, um grupo de adolescentes hakers luta contra os atos arbitrários perpetrados pelo Departamento de Segurança Nacional. As liberdades civis são suprimidas e a ação na Internet é a última fronteira de resistência de jovens colegiais que não se submetem à paranóica vigilância das autoridades. Este é o cenário que ambienta a ficção Pequeno Irmão , do jornalista, escritor e ciberativista canadense Cory Doctorow, que no Brasil foi publicado pela Galera Record. O livro tem pose de literatura juvenil, mas o que de fato propõe vai além. Ao longo da narrativa, Doctorow estabelece pontes ideológicas entre as militâncias libertárias que sacudiram a Califórnia e boa parte do mundo nos anos 60 e 70 e os movimentos hakers e a cultura digital. Seriam ciclos sociais dialeticamente sucedâneos. Marcus Yallow, o personagem central, ou simplesmente M1k3y, é um garoto de 17 anos,

Depois da Chuva é filme para o mundo assistir

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Caio (Pedro Maia) busca o colo materno. A mãe (Aícha Marques), impávida, nem mesmo olha para o filho que, carente, disputa espaço para se debruçar no seu ventre. Ela mantém atenção fixa na televisão, que reporta a posse de José Sarney, primeiro presidente civil após o regime militar e que conduz o início da Nova República. Ele desiste do intento. A cena é forte e traduz o recado que Depois da Chuva passa: a desilusão que contrasta com o clima de euforia decorrente da redemocratização do país, em 1984, quando os militares entregaram o poder após 20 anos de ditadura. O estado de exceção se fora, mas não os conflitos que envolvem gerações. Caio é um adolescente que estuda num colégio particular e conservador. Está envolvido com um grupo de ativistas anarquistas, descrentes da política partidária tradicional. Atuam num espaço no Centro Histórico onde funciona uma rádio pirata. Eles fumam, atacam o sistema, tocam música experimental e debocham dos militantes da esquerda ortodoxa, i

Quando o público define o que se propaga. Ou o nó górdio da mídia contemporânea

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Rever os conceitos de propagabilidade numa economia da mídia forjada pela intensa participação dos usuários como condutores de ideias e atuantes na remodelagem dos produtos veiculados. Mais do que o valor agregado a partir de uma escala puramente econômica, a Internet tem proporcionado aos membros da audiência, também produtores, novas percepções do sentido de lucro. Na economia da dádiva, ou do dom, mais vale a opinião e a catapulta midiática nas mãos dos usuários do que 1000 banners “flashando” a linha do tempo de alguém. Doravante, o jornalismo, a propaganda e a publicidade, da forma que o capitalismo desenhou até o momento, em breve serão peças arqueológicas. Diria Marx: “Tudo que é sólido se desmancha no ar”. O vaticínio é dos estadunidenses e estudiosos da mídia Henry Jenkins, Joshua Green e Sam Ford, três pesquisadores ligados ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Em Cultura da Conexão , lançado no Brasil pela Editora Aleph, o compartilhamento nas redes s