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Mostrando postagens de fevereiro, 2007

Coerência histórica

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Há dois dias que o jornal A Tarde vem divulgando matérias acerca das ações futuras na Bahia do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). O MST programa ocupar 50 propriedades improdutivas no Estado. A informação foi dada ontem (27) durante audiência com o atual secretário de Combate à Pobreza Valmir Assunção (foto). As ocupações integram uma série de outras ações país afora e objetivam relembrar os 11 anos do massacre do Eldorado de Carajás, quando centenas de militantes do MST foram assassinados pela Polícia Militar do Pará. O outro objetivo é exigir mais celeridade no Programa de Reforma Agrária do Governo Federal. E novamente vem à baila a mesma cantinela de sempre com os mesmos e viciados clichês: “ocupações de terra são ilegais, ameaçam à paz e contrariam o direito e as leis”. Quem conhece Valmir Assunção sabe que se trata de homem íntegro e de caráter e, como tal e militante há décadas do MST, ele não renunciará suas raízes políticas e ideológicas no intuito de empanar

Muito mais do que uma matéria

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A guerra midiática já está em curso na Bahia. O alvo é a gestão do governador Jaques Wagner (PT), uma das estrelas emergentes do partido e cotado à sucessão do presidente Lula em 2010. Não, de forma alguma as elites nacionais e o projeto neoliberal admitirão que outro sindicalista assuma a Presidência da República. Ao impor uma derrota amarga ao carlismo na Bahia e iniciar seu desmonte, o governador do Estado deve ficar atento às investidas que, de agora em diante, serão cada vez mais freqüentes por parte do aparato de mídia pertencente ao senador Antônio Carlos Magalhães (PFL), parceiro econômico e político da Rede Globo de Televisão. Aos fatos. Após o contundente discurso de Wagner na abertura do ano Legislativo na Assembléia do Estado (ver post neste blog), a crise envolvendo o governo e oposição, esta última encarnada no grupo de ACM, ganhou mais um contorno na agenda local. Em matéria divulgada pelo jornal A Tarde na última quinta-feira, dia 22/02, com destaque para chamada de ca

Hospital da Bahia deve R$ 8 milhões em contas de luz

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Luxuoso, sofisticado e caloteiro. Assim pode ser descrito o Hospital da Bahia, um dos empreendimentos do grupo Fator localizado no Loteamento Aquárius, bairro da Pituba. Na tarde e ontem, quando acompanhava a companheira que era submetida a um exame de ultrassonografia na referida instituição, ocorreu uma queda de luz em plena avaliação. Curioso, indaguei ao médico o que tinha ocorrido. De forma vaga e evasiva, ele me disse que ocorrera “uma interrupção no fornecimento de energia em decorrência das atividades de um canteiro de obras que se encontra ao lado do hospital”. E se fosse uma cirurgia? É sabido por todos que unidades hospitalares são dotadas de sistemas de geração de energia independentes e não podem ficar suscetíveis a intempéries desse tipo. À noite, tendo contato com alguns amigos que atuam em órgãos de imprensa de Salvador, fui informado que o Hospital da Bahia deve R$ 8 milhões à concessionária de energia local. Esta já havia enviado releases à imprensa informando a situa

Redução da maioridade ou aumento da marginalidade?

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A redução da maioridade penal de 18 para 16 anos é a nova “fórmula” proposta pela Rede Globo e, por extensão, pelos demais setores das elites tupiniquins para coibir a violência no país. No calor do justo sofrimento nacional pela barbaridade cometida contra uma criança de seis anos de idade, o garotinho João Hélio, a classe política quer aprovar em velocidade fulminante projeto de lei nesse sentido. Posteriormente, chegaremos então à maioridade aos 15, 14, 13, 12....Até quando? E quanto às políticas públicas necessárias para que essa sociedade doente não fabrique mais comportamentos como esse? Ou seja, caso aprovada lei nesse sentido teremos um incremento ainda maior de delinqüentes juvenis, já que as superlotadas unidades carcerárias ganharão um considerável contingente de novos “alunos” para serem manipulados dentro das prisões pelo PCC e etc e tal. Multiplicar-se-á por 100 o aumento da criminalidade ao invés de coibi-la. O gosto de sangue na boca das nossas elites apenas entende o f

Brown bota a boca no trombone

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A palavra apartheid (separação) tem ganho a agenda do Carnaval de Salvador nos últimos 10 anos. Na festa desse ano a polêmica envolveu três artistas da terra: Caetano Veloso, Gilberto Gil e Carlinhos Brown. O pomo da discórdia é a comercialização e a conseqüente privatização acelerada do espaço público do circuito momesco de Salvador. Brown colocou um bloco nas ruas sem corda, o Pipocão, e exigiu mais democracia na folia soteropolitana. "O Carnaval é uma festa do povo para o povo e que, aos poucos, está sendo desfigurada pela ganância de empresários", afirmou Carlinhos Brown ao jornal Folha de São Paulo. O “mano” Caetano, expertise em polêmicas do tipo pirraça, retrucou: "não penso em cordão como apartheid. Cordão é sinônimo de bloco. A palavra [cordão] foi criada justamente por causa deles [os blocos] (...) Sempre houve cordão em torno dos blocos". Mais sensato, o ministro da Cultura Gilberto Gil, que todos os anos disponibiliza um trio elétrico gratuito para os fo

Muda-se a lei, mas não a cabeça das mulheres

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Este blog não se presta a divulgação de querelas, fuxicos e outras mazelas que envolvem personalidades desse Brasil. Longe, muito longe disso. Deixemos esse “trabalho” para o jornalismo “especializado”. Todavia, a briga judicial que envolve os atores Murilo Benício e Giovana Antoneli pela guarda do filho Pietro, de um ano e oito meses, transborda, no nosso entendimento, essa seara. Trata-se de causa militante deste que escreve. Segundo comentários, Antoneli teria ficado “chateada” pelo fato de Benício colocar empecilhos para que ela levasse o garoto para Nova York, onde freqüentemente visita o noivo. Resolve então a atriz pedir a guarda integral do filho, já que pelo acordo feito entre eles existe o chamado compartilhamento da guarda. Interessante notar o posicionamento de Giovana Antoneli, como de resto de muitas mulheres. Elas têm um senso incomum de propriedade em relação aos filhos. Caso se procedesse o contrário e o pai entendesse de realizar constantes viagens com o filho, essa m

Um soco no estômago

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Despercebido propositadamente pela grande mídia, o discurso de posse do governador do Paraná Roberto Requião se constituiu em momento único entre aqueles que assumiram os governos estaduais no último dia primeiro de janeiro. Um soco no estômago, e bem aplicado. Um dos candidatos mais bombardeados e maltratados pela imprensa dos poderosos nas últimas eleições, Requião não mediu palavras para apontar o reacionarismo político malfazejo daqueles que sempre viram o país como um quintal para os seus negócios. Apontando-os, afirmou: “estavam todos lá”, numa referência à trincheira adversária, principalmente àqueles “que viveram durante tanto tempo às expensas das verbas públicas e comercializaram suas opiniões. Os que fizeram da liberdade de imprensa um negócio muito próprio e muito próspero”. Mas a estocada não parou por aí. Expôs as vísceras de um país cujas elites nunca se preocuparam em trabalhar um projeto de desenvolvimento nacional e hoje exigem a diminuição do Estado para angariar esp

O PFL vai trocar de roupa, mais uma vez

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O velho partido dos coronéis, o “Pê-fê-lê”, vai mudar de nome. Passará a se chamar Democrata. O teatro de representação política, amplificado pelos meios de comunicação de massa, exige tal recurso de sobrevivência. Ganhar consensos na opinião pública e se colocar nessa agenda com imagens mais palatáveis são ações por vezes necessárias. No Brasil, como em outros países, a maior parte dos partidos tende a se acabar, reagrupar e, por fim, mudar de nome. Na verdade, poucas são as agremiações que aqui surgem para cumprir uma plataforma ideológica definida. Na sua maioria, constituem-se em legendas de aluguéis para propósitos diversos. No caso do PFL, trata-se do processo de esgotamento do próprio discurso que, diga-se, não vem de agora, mas dos idos da década de 40. Fiel representante das altas elites nacionais e agente dos mais variados interesses internacionais, o insucesso nas urnas nas últimas eleições deixou o partido em estado de alerta. O PFL já teve seis governadores e agora ver-se

Wagner abre a caixa preta

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Já era em tempo. O discurso que o governador Jaques Wagner (PT) proferiu na abertura dos trabalhos da Assembléia Legislativa da Bahia, na tarde de ontem, deixou um recado aos incautos: a sociedade tomará conhecimento, item a item, dos desmandos políticos e administrativos perpetrados pelo PFL baiano ao longo dos 16 anos de comando. “As urnas não derrotaram um governador. Derrotaram um sistema de autoritarismo, incompetência e falta de transparência desses longos anos de domínio oligárquico”, afirmou o governador. A palavra direta usada por Wagner dá o tom da amostra de como anda a situação da máquina pública da Bahia. Há muito que se sabia da inversão de prioridades de um governo que virava as costas para o social e privilegiava a gestão em função da propaganda política demasiada e o atendimento aos grupos econômicos diretamente ligados à claque política dominante ou quem em torno dela orbitasse. Enquanto isso, o Índice de Desenvolvimento Humano da Bahia amargava posições vexatórias. A