A oposição quer o terceiro turno

Fim da campanha. A vitória da candidata do PT, Dilma Rousseff, representa a continuidade das consquistas sociais iniciadas no decorrer dos oito anos do governo de Lula. Mas ainda há ainda muito o que fazer. E também o que enfrentar.
O novo momento já dá mostras do que vem por aí.
De forma uníssona, os meios de comunicação da mídia corporativa têm feito uma leitura turva da vitória de Dilma. Apegam-se ao fato de que foram “apenas” cerca de 11 milhões de votos de diferença. Quando não, insistem na tecla de que as oposições governarão 53% do eleitorado, como se entre estes não existissem eleitores do projeto que Dilma representou.
Ou então, que os aliados de Serra dominam os estados mais importantes e que a candidata petista só foi eleita em decorrência de um voto “menor”, de nortistas e nordestinos. Sobre este aspecto, as redes sociais foram inundadas por comentários jocosos, preconceituosos, xenófobos e rascistas (comento em outro post).
Vale registrar que mesmo sem os votos considerados “de segunda”, aspecto aventado entrelinhas em editorial prá lá de preconceituoso do jornal Estado de São Paulo, ainda assim a candidata do PT ganharia a eleição por mais de um milhão de sufrágios, conforme informou o Tribunal Superior Eleitoral.
Nas colunas dos “especialistas” dos jornalões, e em especial no sistema Globo, o choro é corrente. O foco das análises recai em como a oposição pode reagrupar os cacos dispersos e angariar esforços para conquistar o poder a partir de 2012. Num outro prisma, buscam construir conflitos entre o PT e o PMDB. Esta tem sido pauta perene.
A cobertura assemelha-se a comportamento de torcida inconformada com o resultado do jogo.
No núcleo duro dos derrotados, José Serra já deu a senha de que não daria um adeus e sim “até logo”. Um recado direto para Aécio Neves, que nem mesmo esteve ao seu lado no procunciamento de encerramento das eleições. Serra citou Alkimim, o governador reeleito de São Paulo que, segundo ele, se esforçou mais na sua campanha do segundo turno do que na dele.
Serra não vai querer entregar a direção do PSDB ao grupo de Minas. E lutará por isso. A Aécio restará enfrentá-lo, fundar um novo partido ou se transferir para o PMDB.
No campo governista, as lições deixadas neste pleito têm que ser entendidas, absorvidas e refletidas para que se possa criar uma agenda política capaz de fortalecer os vínculos do projeto político em curso com a sociedade.
Não se espere um segundo de trégua e é bom não se deixar enganar pelos salamaleiques do casal Bonner quando entrevistou Dilma Rousseff. Jogo de cena, apenas.
Um primeiro e importante passo é a discussão de uma reforma política e a proposição de um novo marco regulatório para os meios de comunicação social.
Destaco esta segunda agenda.
Não se pode mais ficar refém dos intentos e desejos de seis famílias que querem se interpor no processo político como protagonistas da “razão” em função dos seus interesses e dos que elas representam. A gestão de Lula não teve peito para enfrentar este debate e pagou, novamente, um preço alto.
É preciso construir mecanismos legais que favoreçam a pulverização dos meios de comunicação, com incentivos a pequenos e médios negócios na área e o indispensável incremento à popularização da Internet. Banda larga para todos como política pública que universalize o acesso à web como direito social.
Em paralelo, faz-se necessário encaminhar projeto de lei que atualize a legislação de radiodifusão, que é, pasmem, de 1962! É preciso rever concessões públicas que estão vencidas e intocadas em decorrência de um conformismo sepulcral recheado de receios ante a reação dos tubarões da mídia. A sociedade tem que exigir mudanças e o Governo tem que encetá-las.
Como fica a interferência do capital estrangeiro neste setor? E os dispositivos da Constituição de 1988 que não permitem monopólios e oligopólios de controle cruzado? Eis algumas questões postas à mesa para o debate democrático.
Em resumo, afirma-se que vitória no segundo turno é “mais cara” em decorrência dos compromissos assumidos para viabilizar a vitória. Por outro lado, eis a danada da dialética a deixar suas digitais. O segundo turno serviu também para despertar uma militância que dormia a snos profundo desde 1989. Ela voltou e esperamos que mantenha-se atenta, pois mais do que nunca o governo a ser iniciado precisará dela para construir as mudanças que o Brasil precisa.

Comentários

Anônimo disse…
Ô Zeca, eu não aguento ouvir estas coisas! Enojada com o que a imprensa fez na campanha, quase incrédula de ver tanto apelo carismático, infundado...
Lúcido ler amigos como você. Ufa! A primeira parte está feita. Vamos em frente, construir o país.
Este comentário foi removido pelo autor.
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A oposição quer terceiro Turno.
Segundo a Assessoria de comunicação do PSDB-Por Favor Senhores Devolvam o meu Brasil desse partido derrotado,a possível data para a realização desse evento poderia ser dia 30 de fevereiro,na seção dos Sonhos,localizada na terra do nunca. Para a apuração dos votos,teremos a mula sem cabeça como mesario da seção para conferir a autenticidade desses votos em braile e depois disso,O Pedro Alvares Cabral anunciar a vitória deles no tão sonhado terceiro turno.

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