A Rede Globo acha que todo mundo é idiota?

A quem a Globo quer enganar quando chora lamentando a não renovação da concessão da Radio Caracas Televisión (RCTV) por parte do governo da Venezuela? Durante uma semana a Vênus Platinada “informou” aos seus telespectadores que a RCTV iria sair do ar porque faz oposição ao governo. No Fantástico, Pedro Bial só faltou verter lágrimas ao dar a “notícia”. Mas a Globo não informou devidamente o que está por detrás da medida tomada pelo Estado venezuelano. A RCTV participou da tentativa de golpe contra o presidente Hugo Chávez em 2002 e de lá para cá teima em descumprir a constituição do país.
Para a jornalista Elaine Tavares, participante do Observatório Latino Americano (OLA), “na nova lógica da lei das comunicações venezuelanas, aquele que detém o controle da empresa não é o dono da mensagem. Ele tem, por obrigação, garantir a pluralidade das vozes, a democratização das idéias e a participação popular. Portanto, na avaliação do governo da Venezuela, a RCTV, terminado o seu prazo de concessão, não atende aos requisitos básicos para continuar gerindo um bem público. E por quê? Porque desde sempre a emissora manteve a política de informar apenas um lado da questão: o que interessa ao grande capital. Segundo o relatório governamental – disponível na Internet – a RCTV, durante o golpe que tentou tirar Hugo Chávez do poder, difundiu notícias falsas, impediu a fala de pessoas do governo, fomentou a violência, negou-se a divulgar as opiniões que eram favoráveis ao governo e não mostrou qualquer ato de mobilização dos partidários de Chávez”.
Fica explicado então o motivo que leva a irmã ideológica da RCTV no Brasil, a Rede Globo, a lamentar tanto. A emissora dos Marinhos ainda tem saudades do golpe de 1964, da defesa do Regime Militar, da tentativa de fraudar a eleição para governador no Estado do Rio em 1982 (caso Proconsult) e da manobra no debate das eleições de 1989. Acha o ápice do Jornalismo a cobertura enfadonha que costuma fazer da cena política no Brasil. E quando apresenta a “multidão” nas ruas de Caracas protestando contra a medida, na verdade um conglomerado de pessoas, a emissora do Jardim Botânico procura defender sua própria tese com a roupagem de “notícia”. Todavia, a Globo não informa que na Venezuela as emissoras privadas de rádio e TV controlam 78% das concessões e há ampla liberdade de expressão.
E se for depender da Rede Globo, seus telespectadores continuarão a ignorar que na Venezuela o aumento do salário mínimo foi de 20%, passando para 614 mil bolívares, o que equivale a 286 dólares (no Brasil são 180 dólares), configurando-se assim no maior salário mínimo da América Latina, superior inclusive ao do Chile.
A Globo vira as costas também para outro fato. Na Venezuela, os funcionários públicos ganharam um abono de 450 mil bolívares, elevando o piso para quase 500 dólares por trabalhador. Além disso, os demais trabalhadores da iniciativa privada já recebem alimentos e remédios subsidiados de 50% até 90% de seu valor, através do sistema Mercal, de Mercados Populares.
E teve alguma matéria da Globo informando sobre a diminuição da jornada de trabalho para seis horas diárias, de forma gradual, até 2010? E sobre a criação do projeto de Lei de Estabilidade no Emprego na iniciativa privada, que será entregue ao parlamento para discussão? O Estado venezuelano acredita que assim os trabalhadores estarão mais seguros e firmes na disposição de construir um país melhor. Pois é, quanta coisa se passa no país vizinho e a Globo não informa seus telespectadores. Será por quê? Quem advinha? Quem acredite que compre os propósitos “democráticos” da Rede Globo de Televisão com o seu enigmático “plim plim”.

Comentários

Anônimo disse…
Beleza seria Lula não renovar a Globo, caso fosse o prazo. Já pensou?

O problema seria que a massa faria um golpe popular e o deporia do poder. Como este nosso povo viveria sem Faustão e o 'padrão de qualidade' plim plim??
Mila Botto disse…
Concordo. A população não aceitaria viver sem a Rede Globo de Televisão.
Textos ao Vento disse…
A questão não é viver ou não viver sem a Globo. Quando pensamos em História não podemos tomar como parâmetro nosso tempo-vida. Trata-se de um processo. Realmente, a Rede Globo hoje é identidade nacional e atinge 98% do território nacional. No caso do Brasil, penso que a questão não é caçar a concessão da Globo, não chegaria a isso. Mas urge um processo de democratização da mídia televisiva, e esse proceso deverá começar com a TV digital a partir de uma nova legislação, já que a nossa é de 1962. E mesmo os dispositivos da Constituição de 88, que não permitem oligopólios e monopólios de mídia no país, não são respeitados. Portanto trata-se da mudança da cultura televisiva no país a médio e longo prazo. Repito, isso é um processo que não se dará do dia para noite, já que estamos diante de um "narcótico" nacional e para tirá-lo da população só um processo terapêutico-social.
Hailton Andrade disse…
Não renovar a concessão da Globo é um ato bastante democrático, julgando-a por seus "crimes" cometidos durante sua história de omissões e distorções.
Claro, não é a solução para os problemas do país, mas poderíamos iniciar assim uma democratização dos meios, onde a publicidade não seria monopolizada pela Rede. A TV digital pode ajudar nesse processo, mas se o modelo nipônico for adotado a democratização da mídia televisiva irá ocorrer lentamente.

Ah, só para lembrar, a concessão da Rede Globo vence ainda este ano.
Fonte: www.fndc.org.br/arquivos/Outorgas2007.pdf

Postagens mais visitadas deste blog

O Papa que a Globo não mostrou

Num dia de agosto de 1992

Cuba além de Fidel