Outros setembros não interessam
O golpe no Chile foi sangrento, e esquecido
Na quinta-feira passada a apresentadora Ana Maria Braga – aquela que diverte madames e comenta sobre tudo acerca do nada – iniciou seu programa às 8h da manhã com cenas do atentado às torres gêmeas do wtc, em Nova York, em 2001. Com olhar consternado, a beldade global suspirou e falou: “faz sete anos”. O “sentimento” da apresentadora pode ser entendido como a visão amálgama que conduz boa parte dos meios de comunicação do país sobre o fato. A maioria do aparato midiocrático tupiniquim ainda repercute o episódio no clima “United States under attack” – Estados Unidos sob ataque -, à semelhança da CNN e outros mídias estadunidenses. Mas nada se falou de outro 11 de setembro, o que ocorreu em Santiago do Chile em 1973, o sangrento golpe de estado patrocinado pelo governo norte-americano que depôs o presidente socialista Salvador Allende. Só nas primeiras horas subseqüentes ao golpe mais de cinco mil pessoas morreram. A ditadura no Chile, tendo à frente o ditador-fantoche dos EUA Augusto Pinochet, fez centenas de milhares de vítimas. Também quase nada se noticia sobre a atual empreitada fascista que visa desestabilizar o governo popular-democrático da Bolívia. O país está à beira de um banho de sangue. A normalidade constitucional se encontra ameaçada e o principal “provedor” dos insurgentes, pra variar, é o governo dos Estados Unidos. Na sexta-feira passada 14 camponeses que participavam de uma marcha de apoio ao presidente Evo Morales foram assassinados por grupos paramilitares no departamento de Pando - fronteiriço ao Estado do Acre -, governado pelo direitista linha-dura Leopoldo Fernández. Pando integra a ''Meia Lua'', região do leste boliviano, a mais rica do país, que inclui os departamentos insurgentes de Santa Cruz, Tarija e Beni. La Paz expulsou o embaixador norte-americano Philip Goldberg, o artífice do separatismo. Sua ficha o denuncia. Entre 1994 e 1996, foi chefe da secretaria do Departamento de Estado para assuntos da Bósnia (durante a guerra separatista dos Bálcãs). Entre 2004 e 2006, Goldberg chefiou a missão dos EUA em Pristina (Kosovo), onde trabalhou para consolidar a separação e a independência dessa região, marcada por uma luta que deixou milhares de mortos. São outros setembros, cujos critérios de noticiabilidade a midiocracia brasileira passa à margem. Enquanto isso, a “loura da manhã” continua mantendo-se chocada com os episódios do único 11 de setembro que ela conhece. Assim como a emissora para a qual trabalha.
Na quinta-feira passada a apresentadora Ana Maria Braga – aquela que diverte madames e comenta sobre tudo acerca do nada – iniciou seu programa às 8h da manhã com cenas do atentado às torres gêmeas do wtc, em Nova York, em 2001. Com olhar consternado, a beldade global suspirou e falou: “faz sete anos”. O “sentimento” da apresentadora pode ser entendido como a visão amálgama que conduz boa parte dos meios de comunicação do país sobre o fato. A maioria do aparato midiocrático tupiniquim ainda repercute o episódio no clima “United States under attack” – Estados Unidos sob ataque -, à semelhança da CNN e outros mídias estadunidenses. Mas nada se falou de outro 11 de setembro, o que ocorreu em Santiago do Chile em 1973, o sangrento golpe de estado patrocinado pelo governo norte-americano que depôs o presidente socialista Salvador Allende. Só nas primeiras horas subseqüentes ao golpe mais de cinco mil pessoas morreram. A ditadura no Chile, tendo à frente o ditador-fantoche dos EUA Augusto Pinochet, fez centenas de milhares de vítimas. Também quase nada se noticia sobre a atual empreitada fascista que visa desestabilizar o governo popular-democrático da Bolívia. O país está à beira de um banho de sangue. A normalidade constitucional se encontra ameaçada e o principal “provedor” dos insurgentes, pra variar, é o governo dos Estados Unidos. Na sexta-feira passada 14 camponeses que participavam de uma marcha de apoio ao presidente Evo Morales foram assassinados por grupos paramilitares no departamento de Pando - fronteiriço ao Estado do Acre -, governado pelo direitista linha-dura Leopoldo Fernández. Pando integra a ''Meia Lua'', região do leste boliviano, a mais rica do país, que inclui os departamentos insurgentes de Santa Cruz, Tarija e Beni. La Paz expulsou o embaixador norte-americano Philip Goldberg, o artífice do separatismo. Sua ficha o denuncia. Entre 1994 e 1996, foi chefe da secretaria do Departamento de Estado para assuntos da Bósnia (durante a guerra separatista dos Bálcãs). Entre 2004 e 2006, Goldberg chefiou a missão dos EUA em Pristina (Kosovo), onde trabalhou para consolidar a separação e a independência dessa região, marcada por uma luta que deixou milhares de mortos. São outros setembros, cujos critérios de noticiabilidade a midiocracia brasileira passa à margem. Enquanto isso, a “loura da manhã” continua mantendo-se chocada com os episódios do único 11 de setembro que ela conhece. Assim como a emissora para a qual trabalha.
Comentários
Do mano,
Caio.
Parabéns pelo texto, mestre Zeca!
Abraço!
Hailton
Abraço!