Qual o motivo da censura na Internet ao governador Jaques Wagner ?



Ora, vejam, a Procuradoria Regional Eleitoral da Bahia (PRE-BA), acatando representação feita pelo PMDB baiano ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA), pediu à Justiça a retirada, por 24 horas, da página do Twitter do governador da Bahia Jaques Wagner (PT). O argumento é de que Wagner estaria fazendo propaganda política no microblog. É, as novas mídias começam a se consolidar, e, de fato, a incomodar. De início festejada como uma nova arena política em cujo espaço havia, e de certo modo há, lugar para todas as correntes de opinião, a web está se transformando num problema para aqueles que transitam na rede apenas para marcar posição. Assim como na vida dita real, na sociosfera do espaço virtual, como queiram, um quesito que ainda se mantém determinante é a mobilização militante. No caso do Twitter de Jaques Wagner este é o fator-chave que provocou a ira dos oposicionistas na Bahia. Blogs e sites, apenas, não fazem a diferença se as redes de mobilização não se materializam. Fica difícil replicar opiniões com intensidade de repercussão. Não à toa que desde o ano passado o senador tucano Eduardo Azeredo (PSDB-ES) busca amordaçar a Internet com um projeto-de-lei que ficou conhecido como o AI-5 digital. Ao publicizar sua agenda de compromissos, o governador da Bahia irritou figuras políticas que, por mais que se esforcem, não conseguem repercutir ações e opiniões na web pelo simples fato de não dispor de audiências interativas e participativas capazes de construir ecos mais distantes. Trata-se de um desenho midiático bem diferente daquele da velha ordem comunicacional, restrita aos jornalões e TV´s dos amigos e afins. A mídia mudou e com ela novas dinâmicas estão surgindo. Todavia, seria interessante que a PRE-BA, e de resto todo o aparato da Justiça Eleitoral do país, ampliasse a lente para entender melhor as diversas nuances da propaganda política, e o que de fato seja esta prática. O mesmo rigor é aplicado quando grandes redes de televisão ou jornais quatrocentões, com seus articulistas e comentaristas, abraçam de forma quase explícita determinadas candidaturas? É óbvio que não! Os mesmos que cobram tais rigores na Internet são aqueles que podem comprar generosos espaços em rádios particulares e, quando não, em jornais impressos corporativos com opiniões disfarçadas de “matérias”. A questão é que eles sabem que a mídia na qual transitam com desenvoltura, ainda que consiga estabelecer um jogo de pautas entre confrades, está desidratando no que concerne a formação de opiniões de modo militante e viral. A Internet, por sua vez, é um espaço onde a politização cresce proporcional à extensão que a rede vem atingindo. Contingentes cada vez maiores de segmentos de renda constelados na chamada classe média emergente, ou classe C, engrossam a grande arena web. No final do ano de 2009 a participação desses grupos na rede atingiu o percentual de 45%, o que equivale a aproximadamente 68,5 milhões de pessoas no Brasil. Daí o temor que levou um candidato a governador desidratado em termos de aceitação popular, e com origem nas velhas formas de comunicação política – e sem muitas alternativas de propagação na seara das novas mídias -, a buscar bloquear um espaço legítimo do cidadão Jaques Wagner, governador do Estado da Bahia. Com origem na militância sindical e contando com ampla rede de apoio na Internet, Wagner consegue com muito mais facilidade transitar numa mídia onde as confrarias da midiocracia oligárquica padecem de profunda anemia política, só restando a estas o apoio de uma visão míope da PRE-BA.

Comentários

Sócrates Santana disse…
Bingo!!!

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