Trincheiras e rock’in’roll. Ou uma passagem da vida de Zito
Os raios de sol vazaram as frestas da janela. Os olhos se abriram tentando resistir à luz já forte daquele mês de novembro de 1980. A ordem era ficar de pé às 6h. Disciplina e determinação. Preparo para enfrentar um possível acirramento do Regime Militar. A extrema-direita estava à espreita. O acampamento no distrito de Lamarão, Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, contava com dezenas de militantes que preparavam faixas, cartazes e bombas de coquetel molotov para a manifestação de rua que ocorreria nos próximos dias. Militante do movimento Novação, desdobramento estudantil da Ação Popular, aos 17 anos e iniciando o curso de Sociologia na Universidade Federal da Bahia, Zito Filho partira pra luta. Nos anos anteriores fora dirigente do grêmio do Colégio Ipiranga, situado no largo Dois de Julho, bairro histórico e fronteiriço a um dos baixos meretrícios de Salvador. Local de imemoráveis farras nas suas ruelas e botecos, onde litros de cervejas foram consumidos em calo...