Não consigo ser "técnico"

Uma pequena querela com uma colega de trabalho suscitou a reflexão de algo que entendo como um problema de ordem epistemológica. Sim, porque discurso. Ao criticar o posicionamento de um articulista baiano, que por questões pessoais defenestrou publicamente um secretário de Estado da Bahia na sua coluna diária, fui apartado em nome da “liberdade de expressão” desse jornalista. Pensei: seria mesmo liberdade de expressão ou liberdade de impressão? Ou mesmo liberdade de empresa? E quando o posicionamento de um jornalista pode ser algo meramente “técnico”? Alguém pode se posicionar “tecnicamente” quando se trata de discutir idéias? Taí, fico cá a pensar com meus pardos botões. Ávido pelas respostas a tais indagações, não as encontro nos labirintos da sociologia, nem tão pouco da lingüística. E olha que daria tudo para encontrá-las. E engraçado que sempre recebo a pecha de “xiita”. Desculpem, leitores, meus pouquíssimos leitores, mas agora fui tomado por uma vontade inenarrável de rir, rir desbragadamente. Xiita, como se sabe, no mundo ocidental erroneamente virou sinonímia de radical. E, para tantos, eu sou radical. Realmente, sou. Quero ir à raiz do problema, na radicas da questão. E a questão que se insere acerca dessa múmia-articulista, ainda não embalsamada, cujo espaço na mídia é uma dádiva de arquetípicos do século passado, é o afago material. É fácil entender a linha que separa a seriedade na análise do fato e o propósito oriundo de vícios da imprensa. Da imprensa de província, chinfrim, rasteira, de umbigo, que apenas encanta incautos. É, colega, não consigo ser técnico. Lamento.

Comentários

Zeca,

Há uma nova terminologia para designar os discursos estouvados publicados na mídia gorda: LIBERTINAGEM de expressão.

E, por favor, continue sendo radical. Tenho orgulho de ter sido seu aluno. Por sinal, também sou chamado de radical por meus colegas. E eu adoro a classificação.

É lamentável que o pensamento crítico tenha se tornado algo tão extinto.

Abraço.
Anônimo disse…
Já estou morando no Recife. Vamos nos comunicando. É isso aí, solte o verbo.

Antonio Nelson Lopes Pereira
Anônimo disse…
"Ser radical" é sua marca Zeca... mas um radicalismo lúcido, coerente, corajoso.... tb sinto-me orgulhoso por ainda ser seu aluno...Continue alfinetando a "lógica burra do mundo que vivemos hj"....

Postagens mais visitadas deste blog

O Papa que a Globo não mostrou

Num dia de agosto de 1992

Cuba além de Fidel