Gol de placa na oposição



Um discurso enfático, um recado duro àqueles que querem colocar os interesses nacionais, os interesses da maioria da população, à mercê das lógicas de mercado. O texto lido pelo presidente Lula durante o ato de envio ao Congresso Nacional do projeto-de-lei que cria o marco regulatório para a exploração da camada pré-sal selou ideologicamente a questão. São gigantescas jazidas de petróleo e gás, situadas entre cinco e sete mil metros abaixo do nível do mar, sob uma camada de sal que, em certas áreas, alcança mais de 2 mil metros de espessura. Foi o suficiente para a entourage demotucana-midiático-oposicionista entrar em alarido. Os meios de comunicação pertencentes à midiocracia local logo trataram de arregimentar seus “especialistas” e “comentaristas” para buscar construir consensos e formar opiniões contrárias ao projeto. O diapasão comum entre eles é que o “mercado ficou assustado” com a proposta do Governo. Saudosismo da era FHC, quando foi quebrado o monopólio de exploração do petróleo e por pouco a Petrobrás não é vendida - já com o nome de Petrobrax – para investidores estrangeiros. A questão envolvendo a exploração do pré-sal acirra a disputa ideológica para 2010. E nesse embate as oposições morderam a isca. As discussões que se arrastarão no Congresso Nacional combinarão o tema com a agenda política da sucessão. Ficará mais difícil para os lobbys parlamentares dos interesses estrangeiros se articularem devido a agenda da corrida presidencial. Restará o mecanismo dos meios de comunicação para tentar nublar as discussões e confundir a população. Mas quando se trata do tema petróleo, já existe uma larga tradição no país de defesa dessa riqueza e o economês mesclado com argumentos politicos rarefeitos não logrará êxito, certamente. Por outro lado, o pré-sal pode ganhar caráter plebiscitário com forte poder de influenciar o jogo sucessório de 2010. Gol de placa! O Governo Federal soube encaminhar o projeto-de-lei no momento certo para desestabilizar a oposição.

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