A Bolívia avança, mas a mídia não noticia
Evo Morales, presidente da Bolívia: "Refundamos o país"
Quase ninguém noticiou, e quem o fez não detalhou. A nova constituição boliviana foi referendada por cerca dos 60% dos votos. Para o presidente Evo Morales, trata-se da “refundação da Bolívia”. A carta aprovada traz avanços significativos para o povo boliviano. Entre as principais mudanças, constam: o tamanho máximo das propriedades rurais será de cinco mil hectares; povos indígenas passam a ter a propriedade dos recursos florestais e direitos sobre a terra e os recursos hídricos; e as empresas estrangeiras serão obrigadas a reinvestir seus lucros na Bolívia. Vale registrar que na pergunta sobre o tamanho máximo de uma propriedade agrícola (10.000 ou 5.000 hectares), a opção 5.000 ganhou por 78%, tendo triunfado mesmo nos departamentos da chamada "meia lua", redutos da oposição. Um importante aspecto do texto diz respeito à ampliação dos direitos sociais e políticos dos povos indígenas. Estes passam a dispor de uma quota obrigatória em todos os níveis de eleição, assim como fica estabelecida a equivalência entre a justiça tradicional indígena e a justiça ordinária do país, autorizando tribos a julgarem e punirem suspeitos de crimes segundo os seus costumes tradicionais, e não de acordo com os preceitos jurídicos herdados da colonização espanhola.
A nova Constituição prevê também uma representação indígena no Tribunal Constitucional e o direito à autodeterminação dos povos originários em terras comunitárias. Um elenco de mudanças de caráter profundo, mas nem por isso devidamente noticiado pela grande mídia. Caso o não tivesse triunfado no referendo, certamente que o fato serviria de mote para que os jornalões e os “articulistas” dos grandes meios televisivos, como já é de praxi, deitassem e rolassem contra o que eles chamam de propostas “atrasadas e populistas”. Foi melhor então colocar panos quentes no fato, mesmo que estivessem rifando um valor determinante do jornalismo: o critério de noticibilidade. Talvez, pura ingenuidade deste que escreve, já que os critérios são sempre ideológicos.
Comentários
A mídia, agora, vai na onda da "obamania" (tenho náuseas).