O golpe militar completa 46 anos. É preciso estar atento com as serpentes de então!



O golpe militar desfechado contra o presidente do Brasil João Belchior Marques Goulart completa 46 anos. Engana-se quem aposta no arrefecimento dos intentos golpistas do udenismo, hoje revestido com a roupagem demotucana. Os últimos fatos registrados na esfera política não só avivam lembranças da quartelada de então, como sinalizam para uma necessária leitura qualitativa do cenário de agora. É previdente. As mesmas forças que conduziram o general Olímpio Mourão Filho a ocupar com tanques o centro do Rio de Janeiro, no dia 01 de abril de 1964, hoje coadunam propósitos com os novos players do núcleo duro neoliberal. E tais forças estão determinadas até o fígado a impedir, a qualquer custo, a vitória da pré-candidata do Partido dos Trabalhadores à Presidência, a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. Passado o alarido da crise construída em 2005, os últimos meses foram marcados por sinais inequívocos de novas e agudas inquietações no serpentário, a exemplo da saraivada de críticas ferrenhas ao Plano Nacional de Direitos Humanos-3. Críticas vindas dos mais variados bunkers reacionárias do País, como ruralistas, militares, católicos conservadores e, claro, o parque midiocrático brasileiro. No entanto, é bom estar atento, o mais evidente destes sinais ocorreu no último final de semana. As empresas de comunicação da família Frias veicularam sondagem de opinião realizada por instituto de pesquisa do mesmo grupo, o Datafolha, a qual aponta o crescimento da pré-candidatura do governador de São Paulo José Serra (PSDB) e a queda da ministra Dilma Rousseff. Pesquisa estranha e manipulada, que contraria todas as tendências e prognósticos. Não é preciso se esforçar para entender a manobra: dotar a campanha de Serra de mais fôlego e um certo conforto psicológico. Não sejamos ingênuos, o grupo empresarial dos Frias não comprometeria os negócios do seu instituto de pesquisa à toa. Há sutileza de sobra neste enredo. Pesquisas são fotografias do momento. Quando esta última sondagem já tiver sido superada – na realidade desconstruída -, não faltarão argumentos para explicar os dados: um instantâneo da situação. Ponto final. No entanto, a “sondagem” não tem apenas o intento de desmobilizar a campanha de Dilma e dar vitalidade ao lançamento da campanha de Serra. Há mais que se enxergar nesta ponta de iceberg. A estratégia foi montada no início de março no seminário do Instituto Millenium, realizado num hotel de luxo da capital paulista. Neste encontro, os grandes proprietários da camarilha da mídia decidiram radicalizar o caldo editorialista-lacerdista-golpista. Nas semanas que sucederam o seminário velhas pautas voltaram a ser reagendadas, trazendo à baila “escândalos” requentados. A ordem é a artilharia não deixar o Governo Federal respirar, preenchendo o agendamento noticioso com cascatas de manchetes e comentários desfavoráveis. Alguns desses, ainda que de forma tímida, já aventam o impedimento judicial da candidatura da ministra. Os critérios de noticiabilidade ou qualquer fio de ética na condução da prática jornalística estão deletados. Aliás, cenas já vistas nos idos de 64. Não será nenhum exercício de imaginação pensar na possibilidade da adoção de iniciativas, por parte da oposição, que venham a ameaçar a ordem constitucional. Os diques de contenção edificados pelas forças demotucanas-midiáticas, constituídos pelo escândalo noticioso e por pesquisas arranjadas, poderão não suportar o crescimento da candidatura Dilma. Sobretudo quando esta passar a ser identificada com o presidente Lula, o que ainda é desconhecido por cerca de 53% das pessoas que o aprovam, em torno de 80% da população do País. Não há, portanto, nenhum exagero em pressupor que, de fato, está em curso o encetamento de uma teia conspiratória. Num primeiro momento, o foco é a desestabilização da candidatura de Dilma Roussef com os mais escusos expedientes; mas se este movimento não der certo, não se pode esquecer as lições deixadas há 46 anos. É bom ficar atento.

Comentários

Anônimo disse…
Há 46 anos, o Brasil trocou possíveis mudanças sociais por 21 anos de ditadura, atraso e submissão estrangeira.
Essa data passa em branco para os grandes veículos de comunicação. Nas capas dos jornais do grupo Folha e do Estado, nenhuma referência. Também é certo que, hoje, durante o Jornal Nacional, a Rede Globo (grande parceira da ditadura brasileira) não tocará no assunto.
Olá, Zeca!

As pesquisas anteriores que revelavam a estagnação do candidato tucano foram ignoradas pela "grande" imprensa. Mas nenhuma deixou de publicar a falsa pesquisa do Datafolha. Práticas antigas para novos planos.

Resgatar o poder tornou-se uma obsessão para a direita nacional. E isso, antes de indicar quão sujo poderá ser o jogo, deve servir de alerta para a esquerda. Pois se a esquerda perde essa batalha, serão mais trinta anos para eleger um presidente que não seja dos demotucanos.

Abraços!

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