A Bahia não quer o retorno do fascismo
Foto Manu Dias/Bahiafotos
A intenção aqui não é saltitar em cima de pesquisas. Sondagens eleitorais nada mais são do que retratos do momento. Isso é fato. No entanto, estas, sim, servem de parâmetro para entender o que a população sente em relação aos seus governantes. Na Bahia, a tendência é a continuidade do atual projeto político sob a liderança do governador Jaques Wagner (PT) e aliados. Um vetor que, em boa medida, expressa a identificação da população com a atual gestão. O desejo é de avançar e não retroceder. E creio ser este o calcanhar de Aquiles da oposição. Se o candidato Paulo Souto (Demo) e seus assessores sacarem bem os sinais das últimas pesquisas, um deles deve ser avaliado com apuro: o índice de rejeição de Souto. Alterar as cores da campanha não parece ser suficiente para desconstruir o imaginário cristalizado do que significou o projeto político superado em 2006: autoritarismo e distanciamento da sociedade. Souto, queira ou não, traz consigo a sombra de Antonio Carlos Magalhães, até mesmo porque sua trajetória derivou da do seu chefe e criador. Não dá pra minimizar o fato. O carlismo foi uma patologia política da qual sofreu o Estado por longos 16 anos. A ditadura foi vencida no Brasil, mas continuou na Bahia com as botas de ACM. Foi imposta ao Estado uma modernização conservadora, cujas balizas fincavam-se no beneplácito à famosa “panelinha” de amigos e confrades do rei. Era terra de dono, um feudo. Jaques Wagner não só quebrou esse ciclo vicioso e danoso aos interesses da população, como instituiu um tratamento republicano à convivência política entre os contrários. Foi sepultado o fascismo à baiana que se enraizara nas instituições locais. Quem não se lembra de um ex-presidente do Tribunal de Justiça que chamava ACM de “chefe”? E não faltavam os construtos discursivos para empanar a autocracia do líder: “gestor eficiente”; “ação, competência, moralidade”. Paulo Souto e outros títeres de ACM lambuzavam-se dessas auto-adjetivações. Jactavam-se a granel. Enquanto isso, as costas eram viradas aos anseios da população, particularmente a mais pobre. No quesito educação, por exemplo, um saldo pra lá de trágico: no final de 2006 cerca de 2,1 milhões de baianos não sabiam ler nem escrever. Em números absolutos, a Bahia se encontrava em primeiro lugar no ranking do analfabetismo no país. Triste memória. O governo Wagner enfrentou, e ainda enfrenta, a política de terra arrasada deixada pelo carlismo e seus títeres. Em duplo movimento, encarou também as crises construídas ao sabor das demandas oposicionistas em consórcio com pseudos formadores de opinião, encastelados nas mídias argentárias. Contando com o apoio da população, as políticas públicas passaram a ser focadas na geração de emprego e distribuição da renda. O orçamento participativo tornou-se a principal ferramenta de consulta sobre as reais necessidades da sociedade, representada nas suas diversas instâncias. O resultado é um processo de transformação em curso com democracia e respeito às divergências. E o governo Wagner é avaliado como o segundo melhor do país. Esta trilha não tem retorno. O povo baiano não admitirá retrocessos ao antigo projeto fascista, um quisto do Regime Militar que sobreviveu na Bahia sob a égide do carlismo, do qual o ex-governador Paulo Souto é hoje seu representante maior.
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