Golpismo acelerado
Dois pesos, cinco medidas. À meia noite da quarta-feira passada uma notícia foi ao ar transmitida pela Rede Globo: “O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, denunciará o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) por ter recebido dinheiro repassado pela empresas do publicitário Marcos Valério (...) o senador, segundo o procurador, estaria envolvido com o ´suposto mensalão mineiro` quando foi candidato a governador em Minas nas eleições de 1998”. Pergunta-se: o que ocorreu não foi o mensalão do PSDB, que no referido pleito estava aliançado com o à época PFL, hoje DEM? Curioso, o caixa dois do PT é o “mensalão do PT” e o do PSDB é o “mineiro”. Mais: a notícia simplesmente desapareceu das telas e pouco figurou nos jornalões do país. E será muito difícil que a imprensa golpista de fato cubra esse episódio. Após adaptar o termo cunhado pelo ex-deputado federal Roberto Jéferson, e com ele fazer verdadeiros carnavais midiáticos contra o governo federal, sem que nada fosse comprovado sobre o episódio, a imprensa de Arnaldo Jabor, Miriam Leitão, Diogo Mainardi, Ali Kamel, Otávio Frias e cia agora formula um bem articulado escapismo. Ou o fato não tem critério de noticiabilidade?
Enquadramentos e agendamentos são dispositivos de construções de realidades utilizados pelo jornalismo, já que configurados pelo uso político. No Brasil, a imprensa “gorda” e conservadora é o maior partido. Quer ditar a agenda política desrespeitando a vontade da maioria da população. Assim como não noticia devidamente o “mensalão mineiro”, também não o faz com os dados revelados pelo Instituto de Pesquisa Econômico Aplicada (IPEA), que aponta queda consistente na desigualdade social do país. “Todas as faixas da pirâmide de renda no Brasil conseguiram ganhos, inclusive os mais ricos. No entanto, a base foi a que obteve os maiores ganhos relativos”, afirmou Ricardo Amorim, economista da Fundação Getúlio Vargas, ao jornalista Paulo Henrique Amorim.
Explica-se. Causa verdadeira ojeriza e irrita sobremaneira as elites nacionais, e via de conseqüência seus representantes na mídia, o fato de o governo está implementando políticas públicas de transferência de renda. O alarido dos seus representantes no Congresso é sintomático. A violência dos discursos contra a manutenção do CPMF por parte da direitona, assim como outros impostos, visa exatamente desarticular tais políticas sociais, mesmo que demasiadamente tímidas. A arrogância liberaloide desses setores no parlamento ganha então significativos espaços entre colunistas e comentaristas dos jornalões e redes de TV do Brasil. A cobrança pelo “corte de gastos” e similares, disfarçada de economês jornalístico, turbina o noticiário. Mas nada que deponha contra qualquer estratégia neoliberal. Pelo contrário, a ordem é sedimentar no inconsciente dos públicos leitor, ouvinte e telespectador a ideologia do não-estado e da absoluta supremacia dos interesses do mercado.Enquanto isso, o lema é preservar, blindar mesmo, os projetos políticos neoliberais capitaneados principalmente pelo PSDB e possíveis aliados em 2010. Não esperemos, portanto, nenhuma cobertura mais ampla e consistente sobre os ocorridos dos oito anos da era FHC, quando o país quebrou três vezes e se desfez de importantes patrimônios públicos. Até mesmo porque o demiurgo da sociologia atua como franco atirador no front da mídia gorda, sua aliada que o preservou durante oito anos e ainda continua a fazê-lo. É estratégico para a retomada de amplas políticas neoliberais o cenário de representação construído por esses interesses, o qual “decreta” que este é o governo mais “corrupto” de toda a história do país. E o passado? Bem, este deve ser sepultado e apenas citado numa espécie de memória seletiva.
Enquadramentos e agendamentos são dispositivos de construções de realidades utilizados pelo jornalismo, já que configurados pelo uso político. No Brasil, a imprensa “gorda” e conservadora é o maior partido. Quer ditar a agenda política desrespeitando a vontade da maioria da população. Assim como não noticia devidamente o “mensalão mineiro”, também não o faz com os dados revelados pelo Instituto de Pesquisa Econômico Aplicada (IPEA), que aponta queda consistente na desigualdade social do país. “Todas as faixas da pirâmide de renda no Brasil conseguiram ganhos, inclusive os mais ricos. No entanto, a base foi a que obteve os maiores ganhos relativos”, afirmou Ricardo Amorim, economista da Fundação Getúlio Vargas, ao jornalista Paulo Henrique Amorim.
Explica-se. Causa verdadeira ojeriza e irrita sobremaneira as elites nacionais, e via de conseqüência seus representantes na mídia, o fato de o governo está implementando políticas públicas de transferência de renda. O alarido dos seus representantes no Congresso é sintomático. A violência dos discursos contra a manutenção do CPMF por parte da direitona, assim como outros impostos, visa exatamente desarticular tais políticas sociais, mesmo que demasiadamente tímidas. A arrogância liberaloide desses setores no parlamento ganha então significativos espaços entre colunistas e comentaristas dos jornalões e redes de TV do Brasil. A cobrança pelo “corte de gastos” e similares, disfarçada de economês jornalístico, turbina o noticiário. Mas nada que deponha contra qualquer estratégia neoliberal. Pelo contrário, a ordem é sedimentar no inconsciente dos públicos leitor, ouvinte e telespectador a ideologia do não-estado e da absoluta supremacia dos interesses do mercado.Enquanto isso, o lema é preservar, blindar mesmo, os projetos políticos neoliberais capitaneados principalmente pelo PSDB e possíveis aliados em 2010. Não esperemos, portanto, nenhuma cobertura mais ampla e consistente sobre os ocorridos dos oito anos da era FHC, quando o país quebrou três vezes e se desfez de importantes patrimônios públicos. Até mesmo porque o demiurgo da sociologia atua como franco atirador no front da mídia gorda, sua aliada que o preservou durante oito anos e ainda continua a fazê-lo. É estratégico para a retomada de amplas políticas neoliberais o cenário de representação construído por esses interesses, o qual “decreta” que este é o governo mais “corrupto” de toda a história do país. E o passado? Bem, este deve ser sepultado e apenas citado numa espécie de memória seletiva.
Comentários
Sugiro "Esquema Tucano", "Operação Azeredo", "Tucanoduto", "PSDBgate", entre outros...
E nada de citar o ministro de Lula, senão é golpe!
"Embolar". Segundo o Dicionário Aurélio, "embolar" significa algo fora do controle, sem organização...É que eu me "embolei" de rir com seu último comentário, até mesmo porque era minha obrigação conhecer profundamente o governo FHC para cobri-lo, e distante de sentimentalismos, pois atuava pela Agência Brasil de Notícias, da Radiobrás, órgão oficial...Não haveria espaço para isso caro Anônimo. se digo que o conhecia, é porque o conhecia, apenas. Mas eu acho que você, sim, é que deveria conhecer melhor o governo o qual utiliza como paradigma de exemplo e eu acho, com certeza, que você não o conheço, a não ser de "ouvir dizer".....
Abraço!