Juan Carlos, a Globo e cia...Todos temem as mudanças na Venezuela
A marcha do povo venezuelano em prol das mudanças é maior do que os impulsos fascistas que ainda pairam na cabeça de monarcas como...
A Rede Globo tomou as dores do rei Juan Carlos que, por sua vez, havia tomado as dores do neofascista José Maria Aznar, ex-premiê da Espanha, quando este foi criticado pelo presidente da Venezuela Hugo Chavéz Frias durante o último encontro da Cúpula Ibero-Americana, evento ocorrido em Santiago na semana passada. Chavéz chamou Aznar de fascista e disse que o líder político direitista sabia da preparação do golpe na Venezuela em 2002. Ele falou a verdade, apenas. Não gostando da afirmação, o monarca dos espanhóis mandou o chefe de estado venezuelano calar-se. Chavéz então respondeu que “não era súdito de nenhum rei” e, na condição de representante do povo da Venezuela, falaria onde o estivesse representando. Foi o suficiente para que a Vênus Platinada repercutisse o episódio durante toda semana.
Na edição do Jornal da Manhã desta quinta-feira, 15 de novembro, o “procurador-geral” da República Alexandre Garcia continuou requentando a matéria, desta vez irritado com um dado novo: o presidente Lula havia desconstruido a cantinela dos repórteres-papagaios dos jornalões e grandes redes de TV’s do país. Perguntado se a Venezuela era uma ditadura, Lula, num momento de muita clareza política, rebateu dizendo que se tratava de uma democracia: “Um mandato que já se submeteu a duas eleições e três plebiscitos não é uma democracia?”, perguntou o presidente, invertendo a ação e se colocando, ele mesmo, no lugar de indagador perante uma turba de repórteres medíocres.
Durante os últimos quinze dias a imprensa oligárquica e corporativa do Brasil se apresentou com uma preocupação mais acentuada acerca dos destinos políticos da Venezuela. Capas contra o governo de Chavéz foram dadas nas revistas Veja (grupo Abril) e Época (Globo). Os Marinhos, Frias (Grupo Folha), Mesquitas (Estadão) e cia não se conformam com as mudanças em curso naquele país, onde, no próximo dia 2 de dezembro, estarão sendo referendados pelo povo 69 dos 350 artigos da Constituição Bolivariana de 1999.
Os novos dispositivos constitucionais, entre outras mudanças, prevêem o fim da autonomia do Banco Central do país; Maior blindagem social-trabalhista com redução da carga horária de trabalho de 40 para 36 horas; Criação de novos modelos de propriedade, entre elas a propriedade social; Seguridade previdenciária fora das mãos dos tubarões do mercado; E o Poder Popular, entidade com participação direta da população que auxiliará o Estado a tomar decisões. A expectativa é que o sim às mudanças alcance 63% dos votos, uma larga maioria.
Sobre a redução do tempo de trabalho semanal, trata-se de uma medida de avanço revolucionário. Justifica-se dessa forma o artigo 90: “Para que os trabalhadores disponham de tempo suficiente para o desenvolvimento integral de sua pessoa, a jornada de trabalho diurna não excederá de seis horas diárias nem de trinta e seis horas semanais e a noturna não excederá de seis horas diárias nem de trinta e quatro horas semanais (...) Da mesma forma deverá programar e organizar os mecanismos para a melhor utilização do tempo livre em benefício da educação, formação integral, desenvolvimento humano, físico, espiritual, moral, cultural e técnico dos trabalhadores e trabalhadoras. Os trabalhadores e trabalhadoras têm direito ao descanso semanal e férias remuneradas nas mesmas condições que as jornadas efetivamente trabalhadas”. Detalhe: a redução do tempo de trabalho não admitirá diminuição de salários.
Um golpe duro também será desfechado contra as velhas oligarquias agrárias. O Art. 307 passa a afirmar: “Se proíbe o latifúndio por ser contrário ao interesse social. A República determinará, mediante Lei, a forma na qual os latifúndios serão transferidos para a propriedade do Estado ou dos entes ou empresas públicas, cooperativas, comunidades ou organizações sociais capazes de administrar e fazer produtivas as terras”. É a Reforma Agrária que esperam milhões de brasileiros.
O item mais polêmico é o artigo 225, que prevê sete anos de mandato presidencial (atualmente são seis), com a possibilidade de reeleição sem impedimentos para outros períodos. E este foi o estopim da gritaria dos barões da mídia e das elites daqui e de lá. A histeria é hipócrita. Não há qualquer impedimento para esse procedimento eleitoral na França, Alemanha, Itália e outros países. Sendo eleição e reeleição produtos do mandato conferido, ninguém deveria ter o direito de decidir quem o povo “não” pode eleger como seu representante. O povo deve poder eleger e revogar livremente os mandatos.
Está explicado o alarido da Globo e cia. É mais fácil chamar Chavéz de ditador do que apresentar aos leitores, telespectadores e radiouvintes os pormenores das mudanças em marcha na Venezuela. O exemplo de lá pode se transformar numa perigosa assimilação política aqui. Nesse caso, é melhor construir um cenário de representação que possa desconstruir a verdade e apresentar a mentira como forma de manipular a opinião pública. No fundo, é a opinião publicada daqueles que detêm e controlam a mídia e que se deseja passar como consenso, como bem afirma o intelectual norte-americano Naom Chomsky.
Na edição do Jornal da Manhã desta quinta-feira, 15 de novembro, o “procurador-geral” da República Alexandre Garcia continuou requentando a matéria, desta vez irritado com um dado novo: o presidente Lula havia desconstruido a cantinela dos repórteres-papagaios dos jornalões e grandes redes de TV’s do país. Perguntado se a Venezuela era uma ditadura, Lula, num momento de muita clareza política, rebateu dizendo que se tratava de uma democracia: “Um mandato que já se submeteu a duas eleições e três plebiscitos não é uma democracia?”, perguntou o presidente, invertendo a ação e se colocando, ele mesmo, no lugar de indagador perante uma turba de repórteres medíocres.
Durante os últimos quinze dias a imprensa oligárquica e corporativa do Brasil se apresentou com uma preocupação mais acentuada acerca dos destinos políticos da Venezuela. Capas contra o governo de Chavéz foram dadas nas revistas Veja (grupo Abril) e Época (Globo). Os Marinhos, Frias (Grupo Folha), Mesquitas (Estadão) e cia não se conformam com as mudanças em curso naquele país, onde, no próximo dia 2 de dezembro, estarão sendo referendados pelo povo 69 dos 350 artigos da Constituição Bolivariana de 1999.
Os novos dispositivos constitucionais, entre outras mudanças, prevêem o fim da autonomia do Banco Central do país; Maior blindagem social-trabalhista com redução da carga horária de trabalho de 40 para 36 horas; Criação de novos modelos de propriedade, entre elas a propriedade social; Seguridade previdenciária fora das mãos dos tubarões do mercado; E o Poder Popular, entidade com participação direta da população que auxiliará o Estado a tomar decisões. A expectativa é que o sim às mudanças alcance 63% dos votos, uma larga maioria.
Sobre a redução do tempo de trabalho semanal, trata-se de uma medida de avanço revolucionário. Justifica-se dessa forma o artigo 90: “Para que os trabalhadores disponham de tempo suficiente para o desenvolvimento integral de sua pessoa, a jornada de trabalho diurna não excederá de seis horas diárias nem de trinta e seis horas semanais e a noturna não excederá de seis horas diárias nem de trinta e quatro horas semanais (...) Da mesma forma deverá programar e organizar os mecanismos para a melhor utilização do tempo livre em benefício da educação, formação integral, desenvolvimento humano, físico, espiritual, moral, cultural e técnico dos trabalhadores e trabalhadoras. Os trabalhadores e trabalhadoras têm direito ao descanso semanal e férias remuneradas nas mesmas condições que as jornadas efetivamente trabalhadas”. Detalhe: a redução do tempo de trabalho não admitirá diminuição de salários.
Um golpe duro também será desfechado contra as velhas oligarquias agrárias. O Art. 307 passa a afirmar: “Se proíbe o latifúndio por ser contrário ao interesse social. A República determinará, mediante Lei, a forma na qual os latifúndios serão transferidos para a propriedade do Estado ou dos entes ou empresas públicas, cooperativas, comunidades ou organizações sociais capazes de administrar e fazer produtivas as terras”. É a Reforma Agrária que esperam milhões de brasileiros.
O item mais polêmico é o artigo 225, que prevê sete anos de mandato presidencial (atualmente são seis), com a possibilidade de reeleição sem impedimentos para outros períodos. E este foi o estopim da gritaria dos barões da mídia e das elites daqui e de lá. A histeria é hipócrita. Não há qualquer impedimento para esse procedimento eleitoral na França, Alemanha, Itália e outros países. Sendo eleição e reeleição produtos do mandato conferido, ninguém deveria ter o direito de decidir quem o povo “não” pode eleger como seu representante. O povo deve poder eleger e revogar livremente os mandatos.
Está explicado o alarido da Globo e cia. É mais fácil chamar Chavéz de ditador do que apresentar aos leitores, telespectadores e radiouvintes os pormenores das mudanças em marcha na Venezuela. O exemplo de lá pode se transformar numa perigosa assimilação política aqui. Nesse caso, é melhor construir um cenário de representação que possa desconstruir a verdade e apresentar a mentira como forma de manipular a opinião pública. No fundo, é a opinião publicada daqueles que detêm e controlam a mídia e que se deseja passar como consenso, como bem afirma o intelectual norte-americano Naom Chomsky.
Comentários
Como não concordar?
Lucidez e revolta...nada mais..
Só um equívoco, companheiro:
Frias - Folha de S.Paulo
Mesquita - Estado de S.Paulo
Um abraço!
Já foi corrigido...