Psicanálise para FHC, já!
Às vésperas do feriado do Dia dos Mortos o cadáver político insepulto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tentou desesperadamente um pequenino lugar à luz das ribaltas. E conseguiu. O demiurgo da intelectualidade tucana publicou artigo rancoroso em alguns jornais da campanha do governador José Serra (PSDB-SP) atacando o governo do presidente Lula. Com um texto que não esconde pontas de mágoa e inveja, o doutor em Sociologia procurou desconstruir ações e conquistas da gestão do operário-presidente. Justificável, comparar os dois períodos é até covardia. Portanto, sobram ressentimentos ante o esquecimento do acadêmico Fernando Henrique que teve seu passado político recente ofuscado ante os avanços inquestionáveis obtidos no governo de um ex-retirante nordestino. Aninhando no colo das elites, FHC utilizou clichês e jargões que muito lembram aqueles disparados pelas forças reacionárias que apearam João Goulart do poder em 1964, a exemplo de “Estado sindicalista”. Diz Fernando Henrique em um dos trechos do seu desabafo de desesperado: “(…) Poder presidencial com aplausos do povo, como em toda boa situação autoritária, e poder burocrático-corporativo, sem graça alguma para o povo. Este último tem método. Estado e sindicatos, Estado e movimentos sociais estão cada vez mais fundidos nos altos-fornos do Tesouro (…)”. O ex-presidente do anonimato também ataca o marco regulatório do Pré-sal e aponta um suposto autoritarismo do presidente, a quem achaca como “populista”. Independente do momento político, no qual FHC tenta criar fatos no enredo “ou vai ou racha”, o problema do sociólogo dos Jardins e adjacências bem que poderia ser resolvido num divã. Levanto uma nova bandeira: psicanálise para FHC, já! Talvez, deitado e bem amparado, o mago do sociologuês trilingue consiga digerir porque o risco Brasil no seu governo era de 2700 pontos e no atual está em torno de 200, com crise e tudo; talvez o intelectual pseudo-progressista consiga entender porque o salário mínimo do seu governo era de 78 dólares e agora é de 210; talvez o príncipe uspiano consiga encarar o fato de que ele não mexeu na dívida externa e o atual governo a zerou; talvez o aliado do DEM reconheça que a indústria naval do país se encontrava sucateada no seu reinado e agora está praticamente reconstruída; talvez o professor FHC aceite o vergonhoso fato de que não abriu nenhuma nova universidade, escola técnica ou projetos de extensão universitária no Brasil durante seus oito anos de império, enquanto que o torneiro-mecânico Lula implantou 10 novas universidades (duas na Bahia), 214 novas escolas técnicas e 45 novas extensões universitárias, sendo três na Bahia; talvez o teórico neoliberal reconheça que quebrou o país deixando-o com o “saldo” negativo do tesouro nacional de 185 bilhões de dólares, ao passo que o saldo atual, e que amortizou o impacto da crise, é de 160 bilhões de dólares positivos; talvez o elitista FHC consiga entender porque a expansão do crédito para o povo saltou de 14% na sua gestão para 34% no governo do operário; talvez o anti-desenvolvimentista FHC consiga entender porque não construiu nenhuma estrada de ferro e Lula está construindo três; talvez o bibelô das elites consiga encarar o fato de ter deixado 90% das rodovias federais sucateadas, enquanto a gestão de Lula já recuperou 70% delas; talvez o aliado fiel do capital financeiro consiga entender porque no seu governo as taxas de juro Selic estavam em 27% e no governo de Luis Inácio se encontram em 8,75%; talvez o nobre FHC consiga assimilar o fato de que tirou apenas 2 milhões de pessoas da linha de pobreza enquanto as políticas sociais de Lula permitiram que cerca de 23 milhões de cidadãos saíssem da miséria absoluta; talvez o amigo do aristocrata jorge Bornhausen consiga digerir o fato de que criou apenas 780 mil empregos, e na gestão de Lula esse número chegou à marca de 11 milhões de novos postos de trabalho; talvez o dito “pai do Plano Real” assimile e caia na real de que não colocou um centavo na infraestrutura do país, e que este governo que ele ataca prevê investimentos de mais de R$ 540 bilhões até 2010; talvez o amigo de Gilmar Mendes reconheça que no seu governo a Polícia Federal efetuou apenas 80 prisões e no de Lula foram mais de 2.750. Talvez FHC tome consciência de que ele não foi, não é e nem nunca será um líder mundial do porte de um operário-presidente, cujo país que dirige deixou de ser um capacho dos interesses dos países ricos para se colocar na posição de mediador de conflitos internacionais e porta-voz das nações emergentes. Talvez FHC compreenda que ele foi esquecido pelo povo brasileiro e apenas lembrado pelas elites.
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