Lobo em pele de cordeiro
Não estou me importando com a visita de Joseph Alois Ratzinger, o Papa Bento XVI, que estará no Brasil entre 9 e 14 do mês de maio próximo. Na verdade, até repudio e exponho aqui minhas razões. Sei que a mídia espetacularizará de tal monta sua estada no país que não lhe faltarão inúmeros panegíricos. Já imagino Pedro Bial declamando poesias para o Papa, que acariciará criancinhas, doentes e velhos e fará discursos entusiasmados contra as “imoralidades” do mundo moderno. Recomendará aos católicos que não usem camisinha e reforçará sua cruzada contra os casais que se encontram em segundas núpcias (os quais recentemente classificou como “pragas”), além de destilar seu ódio contra os gays.
E quem é esse tal de Ratzinger, o homem que usa óculos Louis Viton e sapatos Prada? Extremamente conservador, Bento XVI, antes de assumir o Papado, esteve 24 anos à frente da Congregação Para a Doutrina da Fé, órgão ligado ao Vaticano que se apresenta como uma nova versão do outrora temido Tribunal da Santa Inquisição. Na sua sanha conservadora, foi o responsável pelo “silêncio obsequioso” (uma espécie de cale-se!) imposto, em 1985, ao frade franciscano Leonardo Boff. O frade era um dos ideólogos no Brasil da Teologia da Libertação, movimento de esquerda que emergiu nas comunidades de base da Igreja Católica em diversos países da América Latina nos anos 70 e 80.
Sua posição reacionária já se fazia notar ainda na adolescência, quando fez parte da Juventude Hitlerista. No decorrer da Segunda Guerra Mundial, Ratzinger deixou o seminário que freqüentava desde os 16 anos para se alistar no exército alemão. Em 1944 ele abandonou a tropa, talvez antevendo que o Terceiro Reich estivesse com os dias contados.
Em 1968, já teólogo renomado e professor universitário, Ratzinger lançou sua ira contra os levantes estudantis que marcaram esse ano. Opôs-se radicalmente à rebelião da juventude da época e começou a pregar aberta e ferozmente contra o socialismo, chamado por ele de “a vergonha de nosso tempo”. Em 1977 tornou-se bispo de Munique e, logo depois, cardeal.
Sua cruzada moralista e conservadora não parou por aí. Atacava constantemente os movimentos feministas e as mulheres, às quais ele afirmava não terem nem o direito de participar de corais nas igrejas. Quanto aos homossexuais, julgava que estes possuíam uma “maldade moral intrínseca”. Seus ataques se dirigiam também à música rock, ao aborto e ao uso da camisinha. Para ele, a única forma de combater a Aids era por intermédio da abstinência sexual.
Todavia, quando se discutia o crescente número de sacerdotes católicos da Igreja envolvidos com pedofilia, Ratzinger preferia exercer sua hipocrisia: “Estou convencido que as notícias freqüentes sobre padres católicos pecadores [pedófilos] fazem parte de uma campanha planejada para prejudicar a Igreja Católica”.
Na diplomacia internacional, esteve envolvido em querelas teológicas com os mulçumanos. Atacou-os e também foi atacado. Os fundamentalistas, de um lado e outro, no fundo devem se entender.
E quem é esse tal de Ratzinger, o homem que usa óculos Louis Viton e sapatos Prada? Extremamente conservador, Bento XVI, antes de assumir o Papado, esteve 24 anos à frente da Congregação Para a Doutrina da Fé, órgão ligado ao Vaticano que se apresenta como uma nova versão do outrora temido Tribunal da Santa Inquisição. Na sua sanha conservadora, foi o responsável pelo “silêncio obsequioso” (uma espécie de cale-se!) imposto, em 1985, ao frade franciscano Leonardo Boff. O frade era um dos ideólogos no Brasil da Teologia da Libertação, movimento de esquerda que emergiu nas comunidades de base da Igreja Católica em diversos países da América Latina nos anos 70 e 80.
Sua posição reacionária já se fazia notar ainda na adolescência, quando fez parte da Juventude Hitlerista. No decorrer da Segunda Guerra Mundial, Ratzinger deixou o seminário que freqüentava desde os 16 anos para se alistar no exército alemão. Em 1944 ele abandonou a tropa, talvez antevendo que o Terceiro Reich estivesse com os dias contados.
Em 1968, já teólogo renomado e professor universitário, Ratzinger lançou sua ira contra os levantes estudantis que marcaram esse ano. Opôs-se radicalmente à rebelião da juventude da época e começou a pregar aberta e ferozmente contra o socialismo, chamado por ele de “a vergonha de nosso tempo”. Em 1977 tornou-se bispo de Munique e, logo depois, cardeal.
Sua cruzada moralista e conservadora não parou por aí. Atacava constantemente os movimentos feministas e as mulheres, às quais ele afirmava não terem nem o direito de participar de corais nas igrejas. Quanto aos homossexuais, julgava que estes possuíam uma “maldade moral intrínseca”. Seus ataques se dirigiam também à música rock, ao aborto e ao uso da camisinha. Para ele, a única forma de combater a Aids era por intermédio da abstinência sexual.
Todavia, quando se discutia o crescente número de sacerdotes católicos da Igreja envolvidos com pedofilia, Ratzinger preferia exercer sua hipocrisia: “Estou convencido que as notícias freqüentes sobre padres católicos pecadores [pedófilos] fazem parte de uma campanha planejada para prejudicar a Igreja Católica”.
Na diplomacia internacional, esteve envolvido em querelas teológicas com os mulçumanos. Atacou-os e também foi atacado. Os fundamentalistas, de um lado e outro, no fundo devem se entender.
Logo após assumir o Papado, Bento XVI foi alvo de entusiásticos elogios da direita internacional. De George W. Bush, passando por Berlusconi e desembocando no patético Severino Cavalcanti no Brasil, o novo Papa provocou a euforia do conservadorismo mundial. Mas quem mais se mostrou feliz com a assunção de Ratzinger foi a Opus Dei, a demiurga da direita católica. Ratzinger é uma ameaça à liberdade e não arrefecerá sua fúria. Bento XVI representa o projeto de uma neo contra-reforma da Igreja num mundo cada vez mais convulsionado.
Comentários
O Papa transmite a imagem de homem santo, infalível. Parece que quando um Bispo assume o cargo de supremo líder espiritual da Igreja Católica Apostólica Romana sua vida passada é acobertada pelo título e pelo novo nome. Considero-me um privilegiado por ter "presenciado" a troca de Papas e, com a ajuda deste texto, perceber que as coisas não são bem assim. O homem pro trás do título de Papa não é [necessariamente] o maior exemplo de dignidade e moral do mundo. Muitas vezes são [como você mesmo 'disse'] lobos em pele de cordeiros.
Abraços Professor Zeca.
Guilherme Gusmão
Mandou bem no recado de Renato Russo. Eu tb só quero trabalhar em paz, mas nem trabalho eu tenho.
Abraços.
Luiz Paulo Dantas
bem que vc poderia "dialogar" com os comentários...