Nacionalismo de fachada

Os principais jornais do país reportaram a manifestação organizada ontem (15) pelo advogado e playboy Eduardo Lins e Silva que pretende usurpar o direito legítimo do norte-americano David Goldman de ter a guarda do filho, Sean Goldman, de nove anos. A história do caso remonta há mais de cinco anos, quando a brasileira Bruna Bianchi, residente nos Estados Unidos, estava casada com Goldman. Numa viagem de férias, Bruna trouxe o menino para o Brasil e não mais retornou, caracterizando crime de sequestro, já que não havia nenhuma decisão judicial que lhe desse, à época, a guarda integral do filho. Aqui ela se casou com Lins e Silva e, no ano passado, faleceu durante o parto da filha que teve com o advogado. Nada mais justo e legítimo que Goldman querer criar seu filho. Mas os avós maternos da criança passaram a se utilizar do padrastro para reter o menino no Brasil. A manifestação de ontem, ocorrida na praia de Copacabana, expôs uma patriotada oportunista. Os amigos e parentes de Lins e Silva optaram pelo apelo emocional do nacionalismo, como se houvesse uma disputa de interesses envolvendo Brasil e Estados Unidos. Nada disso. O que se quer é, via decisão judicial, legitimar o ilegítimo. E é lamentável que a Ordem dos Advogados do Brasil, numa clara ação corporativa, defenda esse ato absurdo. Quem tem direto prioritário de criar os filhos são os pais, e Goldman tem esse direito. E, frisando, não há nenhuma disputa de interesses envolvendo os dois países, esta é apenas uma fachada que a família de Bianchi está se utilizando para nublar o que de fato ocorreu.

Comentários

Ângelo disse…
Interessante.
Não conhecia essa questão. Vou levar lá, para o meu local de trabalho e pedir a opinião deles. Verei até que ponto vai o corporativismo advocatício.

Grande Abraço, Zeca.

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